quinta-feira, abril 25, 2024
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Ato Público em defesa do SUS e da Democracia revelou histórias, pessoas e rostos

Grande público participou do Ato Público que envolveu movimentos sociais e pesquisadores )) Fotos de Flaviano Quaresma
Grande público participou do Ato Público que envolveu movimentos sociais e pesquisadores )) Fotos de Flaviano Quaresma

Ato Público em defesa do SUS e da Democracia fechou a programação do dia 11 do 7º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, na UFMT, em Cuiabá. Movimentos sociais foram convidados a participar do ato que invadiu os últimos instantes do Grande Debate sobre “Sociedade, Subjetividade e Saúde: desafios do SUS em tempos de crise democrática”, coordenado por Marta Gislene Pignati (UFMT) e que teve como expositores Roseni Pinheiro (IMS-UERJ), Gastão Wagner (presidente da Abrasco), Luis Eugenio Portela (ISC-UFBA) e Alcides Miranda (UFRGS). Pedro Cruz, da UFPB, conduziu as atividades do Ato que ganhou o palco do Teatro da UFMT com faixas e cartazes que reforçaram a urgência de se defender a democracia, de repensar os modos de ação contra o que todos acreditam estar sofrendo de uma silenciosa e avassaladora destruição dos modos democráticos de participação, dos direitos humanos e constitucionais no Brasil.

Roseni Pinheiro, que havia participado do Grande Debate, voltou ao palco para o Ato.
Roseni Pinheiro, que havia participado do Grande Debate, voltou ao palco para o Ato.

A PEC 241, aprovada recentemente, também foi alvo de protestos, mas não só. Isso porque todos entendem que a questão urgente das ações de dilacerações da democracia é ampla e impacta negativamente no contexto participativo que se vem construindo ao longo dos anos no Brasil. Entre tantos discursos inflamados que ressaltaram a ilegitimidade do governo atual, as ações de enfraquecimento do Sistema Único de Saúde, Roseni Pinheiro, junto a representantes dos movimentos sociais e estudantes de Mato Grosso presentes, falou sobre a necessidade de um olhar para o outro, de se reconhecer no outro para fortalecer a legitimidade da luta pelo SUS e pela democracia.

Palmira Sérgio Lopes, agricultora familiar da Paraíba, recita seus versos.
Palmira Sérgio Lopes, agricultora familiar da Paraíba, recita seus versos.

O Ato, além de outros propósitos, revelou histórias, pessoas, rostos, vidas que há muito tempo têm sobrevivido aos golpes imperdoáveis da desigualdade social, como as dos ativistas que brigam pelos direitos humanos dos indígenas em Mato Grosso, pelos campesinos, pelos quilombolas, pelos LGBTs, pelos negros, pelas mulheres. No ano que marca, também, os 30 anos da 8ª Conferência Nacional de Saúde e mais especialmente, com foco nos 30 anos de olhares para o trabalhador e para a mulher no âmbito da Saúde, o Ato foi simbólico e faz garantir reflexão sobre o nosso lugar e o do outro no mundo, pensando o local, as pessoas e a vida.

Uma dessas histórias é da agricultora familiar de Jacaraú, município do litoral norte paraibano, Palmira Sérgio Lopes, que cultiva plantas medicinais em seu pedaço de terra. Aos 77 anos, Palmira recitou versos durante o Ato. Filha, neta e esposa de agricultores, Palmira nunca tinha ouvido falar em defensivos agrícolas até a década de 1990. Sempre plantou e colheu de seus cultivos familiares e toda semana tinha verdura para vender na feira livre. Por essa trajetória de vida, experiência e sabedoria, Palmira acredita que é possível plantar sem usar veneno porque sempre foi assim, afirma. Além de ministrar palestras sobre como é possível plantar sem agrotóxicos, Palmira tem participado ativamente das Conferências Nacionais de Saúde com a bandeira do “contra o agrotóxico”. Uma de suas estrofes apresentada no Ato Público, revela bem um pouco do seu pensamento sobre participação e democracia: “Temer, levanta desta cadeira que tu estás sentado. Este lugar não é teu, tu estás aí emprestado. Só pode se sentar nela quem pelo povo foi votado”.

Pedro Cruz, da UFPB, conduziu o Ato Público.
Pedro Cruz, da UFPB, conduziu o Ato Público.

Vanilson Torres, do Movimento Nacional de População de Rua, parodiou com foco na força do povo para vencer adversidades.

Vanilson Torres, do Movimento Nacional de População de Rua, parodiou com foco na força do povo para vencer adversidades.