
Num contexto em que se espera que as mulheres – particularmente as que são mães – cumpram uma série de responsabilidades para com os outros, confrontando o ataque da(s) violência(s) estrutural(is) quotidiana(s), a questão de como as mulheres que são mães e que vivem com problemas de saúde mental persistentes que limitam o seu eu de cuidado é relevante. Nesta apresentação, concentro-me nas experiências de duas mulheres que são mães de crianças pequenas e que foram deixadas à margem da rede de cuidados das próprias mães e separadas dos filhos. Ao aprofundar-me nas suas experiências, abordo a atualização de uma ética da dissolução (Pinto, 2014), pela qual fios de cuidado precários, emergentes e disseminados suavizam as dificuldades que enfrentam, de forma irregular. Ao mesmo tempo, interrogo os tipos de relações que eles desenvolvem real e potencialmente com um Estado que luta para interagir com eles para além dos papéis estereotipados.