Os Colóquios em Gênero, Sexualidade e Política, promovidos em parceria pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ) e pelo Laboratório Integrado em Diversidade Sexual e de Gênero, Políticas e Direitos (LIDIS/UERJ), reúnem estudantes, pesquisadores/as e profissionais interessados nas temáticas de gênero e sexualidade na perspectiva dos Direitos Humanos. O objetivo é estabelecer um espaço de formação e de informação baseado em projetos acadêmicos que circunscrevem a atuação desses dois coletivos. Neste sentido, a participação de todos os/as interessados/as no debate é de fundamental importância.
Neste momento de greve a atividade do próximo encontro é no dia 29 de junho, quarta-feira, às 10 horas.
Apresentação:
Sem Sacanagem: as políticas das ativistas prostitutas no Brasil
Expositora:
Laura Murray (PPGSC/IMS/UERJ) *
A relação entre Estado e sociedade civil pode ser compreendida através do movimento de prostitutas brasileiro? Uma etnografia do ativismo procura abordar essa relação como um “jogo sério” (Sherry Ortner) que envolve espaços de criação de arenas públicas, confrontos sociais, políticos e ideológicos. O Brasil já foi um país modelo em termos de apoio do governo para as organizações de prostitutas e sua resposta ao HIV baseada nos princípios de solidariedade e cidadania. No entanto, retrocessos políticos nesta área a partir da primeira década dos 2000 levantam questões importantes como: o que motivaria o Estado para defender as trabalhadoras sexuais em alguns contextos e não em outros? Um trabalho de campo em três organizações de prostitutas foi realizado entre novembro 2011 e outubro de 2014, no Rio de Janeiro, em Belém e Corumbá, incluindo uma pesquisa de acervo, observação participante, 21 histórias orais com os ativistas dessas organizações e 44 entrevistas em profundidade com lideranças de ONGs, gestores e técnicos de diversas instâncias estatais. Nota-se que esses campos são caracterizados por uma complexidade orquestrada e um caos intencional por parte dos atores estatais, sendo que as prostitutas ativistas usufruem das ambiguidades e contradições inerentes ao “ser puta” para mobilizar instituições e poderes a seu favor. Os processos de remedicalização das respostas ao HIV/Aids e institucionalização do ativismo tem reduzido o potencial de puta politics, com implicações não só para as pautas do movimento, mas também levantando questões teóricas sobre a natureza complexa da atuação do Estado nos campos burocráticos, políticos e ideológicos da gestão pública da prostituição.
* Laura Murray é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, IMS/UERJ e membro do Observatório da Prostituição – LeMetro, IFCS e IPPUR /UFRJ. Tem graduação em ciências políticas e estudos de gênero, mestre em saúde pública e doutora em antropologia médica.
Local: Sala da Coordenação de Formação do CLAM
Sub-enterrado 088 (ao lado da EdUERJ)
Campus UERJ Maracanã – RJ
#UerjResiste!