Desde 2020, preocupações com as sequelas da infecção por Covid-19 ou o prolongamento de sintomas têm povoado o vocabulário técnico-científico, do ativismo, da grande imprensa e das mídias sociais de forma difusa. Nesses campos, a polissemia da Covid Longa parece traduzir sua multiplicidade ontológica, com definições como “síndrome pós-COVID”, “condições pós-Covid-19”, “Covid prolongada”, “Covid persistente”, entre outras. As similaridades e diferenças quanto à definição parecem negociar a difícil demarcação entre as sequelas da doença aguda e uma nova entidade. Entretanto, no campo político e do ativismo, por motivos distintos, a Covid Longa tem sido emparelhada às sequelas da Covid aguda, compondo o conjunto de consequências da pandemia e de preocupações com a reabilitação de pacientes. Documentos técnicos, como notas, guias de manejo, protocolos clínicos e boletins, têm apontado a instabilidade da definição da Covid Longa ao mesmo passo em que adotam a conceitualização da OMS, indicando que as incertezas estão no campo da pesquisa e ressaltando o amplo escopo dado à doença e à síndrome, com mais de 200 sintomas mapeados em estudos. O Seminário Testemunho “Covid Longa no Brasil: cuidado e invisibilidade de uma síndrome pós-viral” visa reunir atores de diversos campos sociais que estão profundamente envolvidos com a Covid Longa e as consequências da pandemia de Covid-19.
Baseado em metodologia desenvolvida pelo Wellcome Trust, da Inglaterra, o seminário consiste na reunião de pessoas que dialogarão durante duas sessões, na tarde do dia 21 e na manhã do dia 22 de novembro, a partir de perguntas elaboradas pelos organizadores e dispostas em um roteiro. A ideia é que o debate aborde questões relevantes sobre a definição da Covid Longa, o cuidado aos usuários que relatam sintomas da doença, a experiência de pessoas doentes, a dimensão política da Covid Longa, e o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema.
Programação completa abaixo (e disponível para download aqui).
