Vozes da Medicina Social: Uma Introdução às Entrevistas sobre a História do IMS, a Reforma Sanitária e o SUS
A presente coletânea de resumos analíticos oferece ao leitor uma oportunidade singular de compreender a rica e complexa história do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), bem como os processos fundamentais que moldaram a saúde coletiva brasileira, a reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Através das vozes de protagonistas que vivenciaram, pensaram e construíram essas transformações, emergem narrativas que iluminam não apenas o passado, mas também os desafios contemporâneos da saúde pública no Brasil.
A Diversidade de Perspectivas e a Unidade de Propósitos
Os resumos das entrevistas aqui apresentados capturam as reflexões de figuras centrais que, cada uma a seu modo, contribuíram para a edificação de um pensamento crítico e transformador em saúde. Desde a visão filosófica e genealógica de Roberto Machado, que nos revela como Foucault e a análise do poder disciplinar influenciaram a compreensão da medicina como prática social, até a perspectiva clínica e humanista de Ricardo Donato, que defendeu incansavelmente a integração entre medicina integral e medicina social, observamos a pluralidade de abordagens que caracterizou o IMS desde sua fundação.
Hesio Cordeiro, em suas duas entrevistas analisadas em um resumo unificado, emerge como o arquiteto institucional que soube navegar entre a academia e a política, entre a teoria marxista e a prática reformista, consolidando o IMS como centro de excelência e formação de quadros para o movimento sanitário. Sua trajetória exemplifica a complexa relação entre produção de conhecimento e transformação social que marcou a instituição.
A perspectiva epidemiológica de Moyses Szklo nos apresenta os desafios metodológicos e científicos enfrentados na construção de uma epidemiologia social brasileira, enquanto sua proximidade com Américo Piquet Carneiro revela as intrincadas relações pessoais e institucionais que possibilitaram a criação do IMS em plena ditadura militar.
Contextos Históricos e Tensões Produtivas
As entrevistas também capturam as vozes de José Luís Fiori, com sua análise aguda sobre economia política da saúde; Jurandir Freire Costa, trazendo a psicanálise para o debate sobre subjetividade e saúde mental; Lilia Schraiber, revelando a gênese da saúde coletiva na medicina preventiva; e Maria Andrea Loyola, oferecendo uma perspectiva antropológica sobre os conflitos e transformações institucionais. Reinaldo Guimarães adiciona a dimensão da gestão científica e política, completando um mosaico de experiências e saberes.
Todos esses relatos convergem em torno de temas fundamentais: a necessidade de superar o modelo biomédico hegemônico, a importância dos determinantes sociais da saúde, o papel da universidade pública na transformação social, e a construção de um sistema de saúde universal e equitativo. As tensões entre diferentes correntes teóricas – marxismo, estruturalismo, fenomenologia, psicanálise – longe de fragmentar o projeto, enriqueceram o debate e ampliaram os horizontes da medicina social brasileira.
Um Legado em Construção
Esta série de entrevistas não apenas documenta um período crucial da história da saúde pública brasileira, mas também oferece lições valiosas para os desafios contemporâneos. Em tempos de ataques ao SUS, de retrocessos nas políticas sociais e de novas pandemias que escancaram as desigualdades em saúde, as reflexões desses pioneiros ganham renovada relevância.
Convidamos o leitor – seja especialista em saúde coletiva, estudante, gestor ou cidadão interessado – a mergulhar nessas narrativas que revelam como um grupo de intelectuais comprometidos conseguiu, em meio à adversidade política e limitações materiais, construir instituições e ideias que transformaram a saúde pública brasileira. Cada resumo oferece uma janela única para compreender não apenas a história do IMS, mas também os fundamentos conceituais e políticos que sustentam a luta contínua por saúde como direito de todos e dever do Estado.

Eduardo de Azeredo Costa
A Gênese do IMS, o Legado do Sesp e a Construção do SUS
A entrevista com Eduardo de Azeredo Costa, realizada em 17 de maio de 2017, oferece uma perspectiva rica e profundamente crítica sobre a história da saúde pública brasileira, com foco na criação do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a trajetória da Reforma Sanitária e a conformação do Sistema Único de Saúde (SUS). Médico, professor e figura ativa em momentos-chave da saúde coletiva, Costa compartilha suas memórias e análises, desvelando as complexas interações entre política, ideologia e gestão que moldaram o setor. Seu depoimento é um convite à reflexão sobre as escolhas feitas no passado e suas repercussões no presente, especialmente para especialistas, estudantes, gestores e o público interessado na evolução do sistema de saúde brasileiro.

Hesio Cordeiro
Hesio Cordeiro: Um Arquiteto da Saúde Coletiva Brasileira – Trajetória, Pensamento e Legado
Hesio Cordeiro (1942-2021) emerge das entrevistas como uma figura central e multifacetada na história da saúde coletiva brasileira. Médico, professor, gestor público e militante político, sua trajetória é intrinsecamente ligada à criação e consolidação do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), à formulação da Reforma Sanitária e à implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). Suas memórias e análises oferecem um panorama detalhado das tensões ideológicas, dos desafios institucionais e das conquistas que moldaram o campo da saúde pública no Brasil, convidando especialistas, estudantes e o público em geral a uma reflexão crítica sobre o passado e o futuro do setor.

Joel Birman
A Psicanálise, Foucault e a “Revolução Intelectual” do IMS na Construção da Saúde Coletiva
A entrevista com Joel Birman, realizada em 10 de fevereiro de 2017, oferece uma perspectiva fundamental sobre a introdução da psicanálise e da filosofia francesa no Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, e como essas áreas contribuíram para a construção do campo da saúde coletiva no Brasil. Psicanalista de renome e intelectual com vasta produção, Birman detalha sua trajetória e a “revolução intelectual” que o IMS promoveu, especialmente na área da psiquiatria social, influenciando a reforma psiquiátrica e a própria concepção da saúde.

José Luis Fiori
O IMS como “Escola de Poder” e a Gênese do SUS
A entrevista com José Luís Fiori, realizada em 9 de dezembro de 2016, oferece uma perspectiva singular e profundamente analítica sobre a criação do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e sua intrínseca relação com a reforma sanitária brasileira e a concepção do Sistema Único de Saúde (SUS). Fiori, um intelectual de vasta trajetória, compartilha suas memórias e interpretações, destacando o IMS não apenas como uma instituição acadêmica, mas como uma verdadeira “escola de poder” que moldou gerações de estrategistas para a saúde pública no Brasil. Este resumo visa proporcionar a especialistas, estudantes universitários, executivos e ao público em geral uma visão clara e aprofundada da ótica de Fiori, sem perder a riqueza de suas reflexões.

Jurandir Sebastião Freire Costa
Psicanálise, Cultura e a Construção do IMS
A entrevista com Jurandir Freire Costa, realizada em 10 de fevereiro de 2017, oferece uma perspectiva única sobre a formação do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a Reforma Sanitária e a gênese do Sistema Único de Saúde (SUS), sob a ótica de um psicanalista e intelectual com profundo interesse nas relações entre psiquismo, cultura e sociedade. Sua trajetória no IMS, marcada pela interdisciplinaridade e pela liberdade intelectual, revela como o Instituto se tornou um espaço fértil para o debate crítico sobre a saúde e as formas de subjetivação. Este resumo busca apresentar a visão de Jurandir Freire Costa a um público amplo, incluindo especialistas, estudantes e o público em geral, com clareza e fidelidade aos seus argumentos.

Lilia Blima Schraiber
A Gênese da Saúde Coletiva na Medicina Preventiva e a Crítica aos Modelos Hegemônicos
A entrevista com Lilia Blima Schraiber, realizada em 11 de outubro de 2016, oferece uma perspectiva fundamental sobre a gênese da Saúde Coletiva no Brasil, especialmente a partir da experiência dos Departamentos de Medicina Preventiva nas faculdades de medicina, como o da USP, onde ela se formou e atuou. Sua narrativa desvela as disputas de pensamento, as influências internacionais e a construção de um campo crítico que, posteriormente, daria origem à Saúde Coletiva e influenciaria a Reforma Sanitária e o SUS. Este resumo busca apresentar a visão de Lilia Schraiber a um público amplo, incluindo especialistas, estudantes e o público em geral, com clareza e fidelidade aos seus argumentos.

Maria Andrea Loyola
A Antropologia, a Política e a Construção do IMS em Meio a Conflitos e Transformações
A entrevista com Maria Andrea Loyola, realizada em 16 de dezembro de 2016, oferece uma perspectiva multifacetada e profundamente crítica sobre a criação e o desenvolvimento do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde (SUS). Antropóloga de formação e com uma trajetória política e acadêmica singular, Loyola compartilha suas experiências e análises, revelando as tensões, os desafios e as contribuições das ciências sociais em um ambiente predominantemente médico. Seu depoimento é essencial para especialistas, estudantes universitários, executivos e o público em geral interessados nas dinâmicas institucionais e intelectuais que moldaram a saúde coletiva brasileira.

Maria del Carmen Fernández Corrales
A Arquiteta Institucional e a Qualificação da UERJ para a Saúde Coletiva
A entrevista com Maria del Carmen, realizada em 16 de dezembro de 2016, oferece uma perspectiva institucional e de gestão fundamental para compreender a transformação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e, consequentemente, o ambiente em que o Instituto de Medicina Social (IMS) floresceu. Com mais de quatro décadas de dedicação à UERJ, Del Carmen testemunhou e participou ativamente dos processos de democratização, qualificação acadêmica e expansão da pesquisa, revelando-se uma “arquiteta institucional” que trabalhou nos bastidores para construir as bases de uma universidade de excelência.

Mario Roberto Dal Poz
A Efervescência Estudantil, a Construção Institucional e os Desafios da Saúde Coletiva
Contemporânea
A entrevista com Mario Dal Poz, realizada em 07 de junho de 2017, oferece uma perspectiva
detalhada e analítica sobre a criação do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, sua
evolução institucional e as complexas relações entre academia, política e gestão na construção da saúde coletiva brasileira. Como estudante da Faculdade de Medicina em um período de intensa efervescência política e, posteriormente, professor e gestor, Dal Poz testemunhou e participou ativamente dos movimentos que moldaram o IMS e o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sua narrativa é um valioso testemunho sobre as tensões ideológicas, as estratégias políticas e os desafios persistentes do setor.
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Moyses Szklo
A Visão do Epidemiologista Fundador sobre o IMS, a Epidemiologia e o Legado de Piquet Carneiro
A entrevista com Moyses Szklo, realizada em 11 de julho de 2017, oferece uma perspectiva fundamental sobre a criação do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a evolução da Epidemiologia no Brasil e as dinâmicas intelectuais e políticas que moldaram a saúde coletiva. Como um dos fundadores do Instituto e uma figura de destaque na Epidemiologia internacional, Szklo compartilha suas memórias e análises, destacando o papel visionário de Américo Piquet Carneiro e as tensões entre diferentes abordagens da saúde. Este resumo visa proporcionar a especialistas, estudantes universitários, executivos e ao público em geral uma visão clara e aprofundada da ótica de Szklo, sem perder a riqueza de suas reflexões.

Osvaldo Cesar da Silva Teixeira
A Memória Viva do Cotidiano do IMS e a Transformação Institucional
A entrevista com Osvaldo, realizada em 23 de dezembro de 2021, oferece uma perspectiva única e valiosa sobre a história do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ e do Centro de Estudos em Saúde Coletiva (Cepesc). Como o funcionário mais antigo do Cepesc, Osvaldo é uma “memória viva” do cotidiano institucional, das relações interpessoais e das transformações que moldaram o IMS ao longo de mais de três décadas. Sua narrativa, rica em detalhes e afetividade, complementa as visões mais acadêmicas e políticas, revelando a dimensão humana da construção da saúde coletiva.

Reinaldo Felippe Nery Guimarães
A Trajetória de um Gestor da Ciência e Saúde Pública e os Pilares do IMS
A entrevista com Reinaldo Felippe Nery Guimarães, realizada em 23 de fevereiro de 2017, oferece uma perspectiva rica e multifacetada sobre a história do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a evolução da saúde pública brasileira e a intrínseca relação entre política, ciência e gestão. Médico de formação e com uma carreira que transita entre a academia, a gestão pública e o setor privado, Guimarães compartilha suas memórias e análises, revelando os bastidores da construção de instituições e políticas em tempos de ditadura e redemocratização. Este resumo visa proporcionar a especialistas, estudantes universitários, executivos e ao público em geral uma visão clara e aprofundada da ótica de Guimarães, sem perder a riqueza de suas reflexões.

Renato Veras
Da Psiquiatria à Gerontologia, Inovação, Redes e a Construção de um Legado na Saúde Coletiva
A entrevista com Renato Veras, realizada em 22 de dezembro de 2021, oferece uma perspectiva dinâmica e multifacetada sobre sua trajetória na medicina, sua profunda conexão com o Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ e sua notável contribuição para a saúde coletiva brasileira, especialmente na área do envelhecimento. Veras narra sua jornada desde a psiquiatria até a criação da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), revelando um perfil de inovador, agregador de talentos e gestor que soube transitar entre a academia, a política e a prática.
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Ricardo Donato Rodrigues
A Construção da Medicina Social e Integral em Tempos de Ditadura e a Luta por um SUS Público
A entrevista com Ricardo Donato, realizada em 22 de agosto de 2017, oferece uma perspectiva única e profundamente enraizada na vivência da criação e evolução do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Medicina Integral. Como estudante da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ desde 1964 e posteriormente professor e gestor, Donato testemunhou e participou ativamente dos movimentos que moldaram a saúde coletiva brasileira, desde os anos da ditadura militar até a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Sua narrativa é um valioso testemunho sobre as tensões políticas, as inovações pedagógicas e os desafios práticos na construção de um modelo de saúde mais social e equitativo. Este resumo visa proporcionar a especialistas, estudantes universitários, executivos e ao público em geral uma visão clara e aprofundada da ótica de Donato, sem perder a riqueza de suas reflexões.

Roberto Cabral de Melo Machado
A Epistemologia, Foucault e a Contribuição Filosófica para a Medicina Social no Brasil
A entrevista com Roberto Cabral de Melo Machado, realizada em 28 de agosto de 2017, oferece uma perspectiva singular e profundamente filosófica sobre a criação do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e sua intrínseca relação com a reforma sanitária brasileira e a concepção do Sistema Único de Saúde (SUS). Como um dos primeiros professores não médicos a integrar o corpo docente do IMS, Machado trouxe uma contribuição intelectual inovadora, especialmente através da epistemologia francesa e da obra de Michel Foucault. Sua narrativa ilumina o ambiente intelectual e político do IMS nos anos 70, destacando a interdisciplinaridade e o compromisso social que marcaram a instituição. Este resumo visa proporcionar a especialistas, estudantes universitários, executivos e ao público em geral uma visão clara e aprofundada da ótica de Machado, sem perder a riqueza de suas reflexões.

Roberto Passos Nogueira
A Busca Epistemológica, a Militância Marxista e a Crítica à Institucionalização da Saúde
Coletiva
A entrevista com Roberto Passos Nogueira, realizada em 28 de agosto de 2017, oferece uma perspectiva singular sobre a formação do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a evolução da saúde coletiva e as tensões entre o idealismo acadêmico e a pragmática institucional. Nogueira, o primeiro a defender uma tese de mestrado no IMS, narra sua trajetória desde o Ceará até o Rio de Janeiro, marcada por uma profunda busca intelectual e um forte engajamento político. Sua visão é crucial para compreender o espírito de vanguarda do IMS em seus primórdios e a subsequente crítica à sua institucionalização.

Telma Ruth Silva
A Pioneira Informal, a Construção do IMS e a Militância Sanitária nos Bastidores
A entrevista com Telma Ruth, realizada em 07 de junho de 2017, oferece uma perspectiva singular e profundamente pessoal sobre os primórdios do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ e a efervescência que culminou na reforma sanitária brasileira. Como uma das primeiras alunas e monitoras a se envolver com o grupo que daria origem ao IMS, Telma Ruth testemunhou e participou ativamente da construção de um novo paradigma na medicina, mesmo mantendo um vínculo informal com a instituição. Sua narrativa é um testemunho valioso da dedicação e do espírito de vanguarda que moldaram o campo da saúde coletiva no Brasil.
Fernando Szklo
O Apoio Estrutural e Financeiro do IMS e a Visão de um Observador Privilegiado
A entrevista com Fernando Szklo, realizada em 07 de junho de 2017, oferece uma perspectiva única e complementar sobre a história do Instituto Medicina Social (IMS) da UERJ, especialmente no que tange ao seu apoio estrutural e financeiro em momentos cruciais. Embora sua participação direta no IMS tenha sido mais pontual e indireta, sua atuação na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e sua proximidade com figuras-chave do Instituto o posicionam como um observador privilegiado das dinâmicas institucionais e políticas que permitiram o florescimento da medicina social no Brasil.



