quinta-feira, abril 25, 2024
Institucional

Colegiado da Comissão de Política da Abrasco tem coordenação de Eduardo Levcovitz, do IMS

Uma nova coordenação colegiada da Comissão de Política da Abrasco foi escolhida durante o 3º Congresso de Política, em Natal. A Comissão de Política reuniu 34 membros e, sob a coordenação de Alcides Miranda, decidiu por um colegiado coordenado pelo professor Eduardo Levcovitz, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pelos coordenadores adjuntos: professora Rita de Cássia Duarte Lima do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo; e pelo professor Tadeu de Paula Souza, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Maranhão. A capital paulista também foi escolhida como local para a quarta edição do Congresso de Política.

Ainda durante a reunião, alguns pontos da atuação da Comissão foram avaliados. Para Luciana Dias de Lima, representante da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), a Saúde Coletiva precisa, cada vez mais, do dinamismo do grupo – “A área quer mais de nós”, resume. Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, registrou a grande adesão dos membros na reunião e pediu “Nossa Comissão tem priorizado apenas a realização dos Congressos de Política – o que não é pouco – mas devemos fazer mais. Para o ano que vem poderíamos reunir esforços para produzir um programa de saúde para as eleições de 2018”, sugeriu Scheffer. Ligia Bahia, representante do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apontou as pesquisas na área como uma das causas de discórdia entre o grupo – “Nossos mais recentes editais foram elaborados com a perspectiva de cooperação e criação de um pool de pesquisas participativas e cooperativas entre nós, da Política, Planejamento e Gestão em Saúde, mas na minha opinião, isso nos dividiu muito”.

Alcides Miranda, na transmissão da coordenação para Tadeu, Eduardo e Rita.

Alcides Miranda despediu-se da coordenação agradecendo o apoio do grupo na construção do 3º Congresso de Política – “Foram tempos bem difíceis, mas de muito aprendizado. Vamos prosseguir pautando na Abrasco os assuntos mais importantes da nossa área, contando sempre com a indispensável ajuda dos representantes institucionais dos programas de pós-graduação e instituições que compõem a Comissão e quaisquer interessados em se somar ao debate”. Nos próximos dias serão (re)definidos os representantes institucionais (que precisam estar adimplentes com a Abrasco) e estes nomes serão atualizados na página da Comissão dentro do site da Abrasco.

Segundo o Regimento interno da Abrasco, as Comissões possuem caráter permanente, congregam associados por áreas afins, constituem espaços de estudos e intercâmbio científico, e assessoram a Diretoria da Abrasco. Cada Comissão é constituída por representantes das instituições associadas. Apenas podem indicar representantes os associados institucionais adimplentes. Os representantes institucionais devem ser associados individuais e adimplentes. Confira abaixo a entrevista com o professor Eduardo Levcovitz, novo coordenador da Comissão, com as primeiras ideias da nova composição.

Abrasco: Como você avalia o 3º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde?
Eduardo Levcovtiz: O que chama atenção é o clima do congresso. Não o calor de Natal, mas o sentimento de entendimento e harmonia entre as pessoas. No primeiro dia, houve muita gente interessada mesmo, escutando e debatendo até às 22 horas. Estamos vivendo um momento dramático no país, com os ânimos muito acirrados. E são duas mil pessoas, isso não é fácil, não é pouco.

Abrasco: Como foi a reunião da comissão?
Eduardo Levcovtiz: Há muito tempo não tínhamos tantas instituições presentes numa reunião da Comissão. Dos 30 programas com linhas de pesquisa na área de política, 27 estiveram presentes. Foi uma presença muito representativa para uma comissão que enfrentou problemas, que teve mudanças na coordenação, ainda que tenha tido as possibilidades de participar da organização desse congresso. Há um movimento futuro muito legal. Junto comigo estão a Rita Lima, do Espirito Santo, e o Tadeu Costa, do Maranhão, para dar apoio e dinamizar os trabalhos, e já tiramos uma comissão interna para começar a trabalhar para a programação do Abrascão, a ser realizado no ano que vem.

Abrasco: Que retrato emerge da área de política diante deste congresso e da reunião da comissão?
Eduardo Levcovtiz: A gente sofreu uma rarefação teórica e uma despolitização muito grande das discussões dessa área e que, inevitavelmente pela forma de financiamento das pesquisas na pós-graduação, passou a privilegiar somente as discussões focalizadas de avaliação de programas de saúde. Avaliando a produção científica dos últimos seis, sete anos, vemos que ela é muito fragmentada, muito despolitizada, mas não significa que não exista reflexão, mesmo que não necessariamente na forma final do artigo produzido. O produtivismo que pauta a avaliação da Capes obriga todos a fragmentar a produção de pesquisa em pequenos pedaços. Mas os grupos de pesquisa desenvolvem e retêm debates muito maiores. Queremos explorar essas contribuições, fazer um movimento de juntar esses saberes e inteligências e acordar novas formas de interpretar. Não perdemos a capacidade de descrever, mas a oportunidade de interpretar. O pacto que fizemos é ser menos pragmáticos e mais ambiciosos do ponto de vista teórico-científico, sem perder a perspectiva da intervenção.

Abrasco: Já há novos projetos em discussão?
Eduardo Levcovtiz: O primeiro passo é fazer um plano diretor da área, um compromisso antigo nosso. Outra decisão é valorizar o núcleo dos programas pela melhor contribuição que cada um deles pode dar. A ideia não é um plano verticalizado ou transversal, mas encontrar o melhor local para levar adiante cada elemento. Há ideias de se montar um grupo para discutir a nova economia política do setor saúde no Brasil e já há voluntários para organizar o 4º congresso, a ser sediado em São Paulo. Há um movimento dinâmico, importante e crítico surgindo. Vejo muita disposição das pessoas em retomar o que tínhamos como origem e que se confunde com a origem da própria Abrasco, de construir uma grande narrativa sobre o que é o setor saúde, como se encontra a saúde da população brasileira, as linhas de síntese do que essas duas mil pessoas estão aqui falando. Estava há 15 anos fora do Brasil. Achei meio estranho topar, mas acho que, nesta perspectiva discutida na comissão, vai valer à pena.

 

Texto de Vilma Reis e Bruno C. Dias – Abrasco