sexta-feira, abril 19, 2024
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Claudia Lopes assume a direção do IMS/UERJ

No final da manhã do dia 5 de março, a pesquisadora e professora do Departamento de Epidemiologia do IMS/UERJ, Claudia de Souza Lopes assumiu a direção do Instituto para os próximos quatro anos. A posse aconteceu no dia 3 de março, em cerimônia realizada no Teatro Odylo Costa Filho, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro juntamente com mais 32 diretores e diretoras de unidades acadêmicas eleitos para o quadriênio 2020-2023. No evento de transmissão de cargo no Auditório do IMS, Gulnar Azevedo, que esteve à frente da direção no último quadriênio apresentou o que a pesquisadora, que também é presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), chamou de “algumas memórias” experienciadas na sua gestão com Rossano Cabral, vice-diretor, que vai continuar por mais quatro anos ao lado de Claudia Lopes. A cerimônia de transmissão de cargo contou com as presenças do Reitor e vice-reitor da UERJ, Ricardo Lodi e Mario Carneiro, e ainda o diretor do Centro Biomédico da UERJ, Jorge José de Carvalho.

Ricardo Lodi, Reitor da UERJ, parabenizou Claudia Lopes pela direção do IMS/UERJ.

Lodi destacou a importância do Instituto de Medicina Social para a UERJ e para as amplas questões políticas e sociais vinculadas à Saúde Coletiva no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo e afirmou que a reitoria está afinada com as problemáticas identificadas, debatidas e estudadas pelo corpo de pesquisadores do Instituto. Mario Carneiro revelou que parcerias serão realizadas no âmbito das soluções ligadas à saúde de estudantes e funcionários que necessitam de assistência à saúde de qualidade, integral e gratuita. Já o diretor do Centro Biomédico da UERJ ressaltou a relação de anos que tem o IMS e o Centro Biomédico, seu prestígio para a formação de pesquisadores, docentes e profissionais de saúde no Brasil.

Jorge José de Carvalho, diretor do Centro Biomédico da UERJ. Foto de Flaviano Quaresma.

Algumas memórias

Gulnar lembrou, inicialmente, a carta enviada aos professores, funcionários e alunos do IMS no dia 2 de março de 2016, apresentando o que propunham a chapa Gulnar e Rossano: a) Fortalecimento de todos os espaços colegiados de decisão; b) Criação de ambientes para discussão de grandes questões da sociedade e da política de saúde (incluindo alunos egressos e professores eméritos); c) Fortalecimento da interlocução com entidades e associações de saúde coletiva nacionais e internacionais; d) Estímulo a parcerias técnico-científicas com outras instituições de pesquisa no país e no exterior; d) Promoção de maior integração entre os diversos grupos e linhas de pesquisa do IMS; e) Contribuição na organização do sistema de saúde no Estado do Rio de Janeiro e seus municípios, bemcomo dos demais estados brasileiros; f) Incentivo ao desenvolvimento de pesquisas no Estado do Rio de Janeiro referentes às áreas de conhecimento do IMS; g) Implementação de estratégias de comunicação e divulgação das atividades e da produção do IMS; h) Incentivo à integração com as demais unidades da UERJ e à participação nos órgãos colegiados da universidade; e i) Garantia de boas condições de trabalho, pesquisa e ensino.

Gulnar Azevedo, ex-diretora do IMS/UERJ. Foto de Flaviano Quaresma.

As memórias também trouxeram uma trajetória de resistências, lutas, conquistas e algumas frustrações. Era um momento de crise grave na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com greves deflagradas, atrasos salariais, sucateamento da pesquisa e da Ciência. No artigo “O IMS e os desafios de hoje”, escrito por Gulnar e Rossano e publicado na Revista Physis, em 2016, já se pontuava algumas emergências: “Diante deste quadro atual, é necessário reforçar uma agenda estratégica que dê continuidade à nossa trajetória unindo pesquisa e crítica, ao mesmo tempo em que favoreça a persistência do olhar no coletivo e no indivíduo. Devemos continuar fortalecendo a interlocução com entidades e associações de saúde coletiva nacionais e internacionais, assim como as parcerias técnico-científicas com outras instituições de pesquisa no país e no exterior. O espaço livre e democrático conquistado com tanta luta, resistência e, sobretudo, criatividade, deve trazer para o debate as grandes questões da sociedade e da política de saúde, incluindo também os alunos egressos e professores eméritos. Neste momento de enfrentamento de adversidades no campo político e sanitário, no Brasil e no estado do Rio de Janeiro, é preciso defender as conquistas sociais das últimas décadas, criar condições para avanços futuros e, principalmente, garantir a permanência do diálogo entre os diversos atores que compõem a comunidade do IMS e todos os seus interlocutores externos”.

Rossano Cabral, vice-diretor do IMS/UERJ quadriênio 2016-2019 e 2020-2023. Foto de Flaviano Quaresma.

Na fala de agradecimento de Rossano Cabral, ficou evidente que a gestão de Gulnar foi marcada por ” resistência, proatividade e de busca por uma atuação dialógica com as questões pertinentes do campo acadêmico, político e social da Saúde Coletiva”, ressaltou. Além dos eventos marcantes como o debate “Democracia e saúde em risco” (2016) e “Aborto: desafios para a pesquisa e o ativismo (em 2017, com a participação de Marielle Franco)”, atos públicos e seminários estratégicos, o IMS também esteve nas plenárias, nas ruas, nos congressos científicos, nas redes online e digitais, na grande imprensa e na especializada. 

Entretanto, segundo Gulnar, algumas questões ainda precisam ser contempladas na próxima gestão, como a “promoção de maior integração entre os diversos grupos e linhas de pesquisa do IMS/UERJ e uma contribuição na organização do sistema de saúde no Estado do Rio de Janeiro e seus municípios, bem como dos demais estados brasileiros”, destacou. 

Perspectivas na fala de Claudia Lopes

Claudia Lopes, nova diretora do IMS/UERJ quadriênio 2020-2023. Foto de Flaviano Quaresma.

A nova diretora do IMS/UERJ iniciou sua participação na cerimônia agradecendo o apoio dos colegas professores, funcionários e estudantes, que depositaram um voto de confiança na chapa Claudia e Rossano para o quadriênio 2020-2023. “O IMS construiu sua história enfatizando a necessidade do debate de ideias contínuo e profícuo. Ao longo dos seus mais de 50 anos de existência, é assim que o IMS vem exercendo protagonismo no cenário da saúde coletiva no Brasil. Aqui, pretendemos formar pesquisadores, professores, gestores, etc., que sejam agentes de transformação, de luta pelos ideais do SUS, da pesquisa ética, criativa e voltada para o enfrentamento das principais questões de saúde de nossa população. Gostaria que nos próximos quatro anos continuemos assim, fazendo jus à nossa trajetória”, disse.

Claudia destacou os papeis que Gulnar e Rossano desempenharam nos últimos quatro anos. “A despeito da grave crise da UERJ, a gestão de Gulnar e Rossano não esmoreceu, mas, ao contrário, estimulou uma ainda maior participação do IMS na UERJ e fomentou a interlocução entre professores, funcionários e estudantes. Assim, no auge da crise, organizou-se o Seminário Estratégico do IMS em abril de 2018, iniciativa que trouxe colegas de outras instituições e áreas para nos ajudar a pensar sobre novos cenários que melhor se adequassem aos novos desafios da saúde coletiva no Brasil”, pontuou. A diretora do IMS detalhou alguns dos principais pontos que ela e Rossano pensaram como norteadores desta gestão que se inicia:

1. Fortalecer a interlocução entre alunos, professores e funcionários.
2. Garantir boas condições de ensino, pesquisa e trabalho.
3. Manter os atuais e criar novos espaços de discussão de grandes questões da sociedade de uma forma geral e, de forma específica, que guardem relação com as políticas de saúde.
4. Estimular a participação de docentes e alunos em fóruns nacionais e internacionais, como reuniões de entidades e associações, congressos e simpósios, etc.
5. Estimular parecerias técnico-científicas entre os diferentes grupos de pesquisa na área de saúde coletiva no país e no exterior.
6. Estimular a maior participação da Biblioteca CB/C – Saúde Coletiva no PPGSC, visando uma maior visibilidade e troca com estudantes e professores do IMS.
7. Estimular as ações de internacionalização do programa de pós-graduação em saúde coletiva (PPGSC-IMS).    

Claudia Lopes, médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ e doutora em Epidemiologia pela University of London atua principalmente em pesquisas de epidemiologia dos transtornos mentais, determinantes sociais de saúde mental, adversidade social, estilo de vida, obesidade e saúde mental em adolescentes, estudos de coorte e métodos em epidemiologia. 

Confira o discurso de Claudia Lopes, na íntegra, AQUI.