sexta-feira, abril 26, 2024
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Falece o prof. Hésio Cordeiro, fundador do IMS

Uma das maiores referências na saúde pública brasileira, Hésio de Albuquerque Cordeiro foi professor da Faculdade de Ciências Médicas (onde se graduou em 1965, na então Universidade do Estado da Guanabara) e do Instituto de Medicina Social da UERJ, que ajudou a fundar no início dos anos 1970. Como presidente do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) entre 1985 e 1988, promoveu a reestruturação do órgão e a implantação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS), embrião do Sistema Único de Saúde (SUS) e uma das maiores conquistas democráticas do povo brasileiro. Coordenou e presidiu os trabalhos da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, quando foram ratificados os princípios da reforma sanitária iniciada na década de 1970: saúde como dever do Estado, universalização e integralidade na assistência à população, sistema único, descentralização, participação e controle dos serviços de saúde por seus usuários.

Foi reitor da UERJ de 1992 a 1996. Atuou ainda como presidente do Conselho Nacional de Educação, foi coordenador da área de Saúde da Fundação Cesgranrio e diretor de gestão da Agência Nacional de Saúde.

Sua dissertação de mestrado e tese de doutorado viraram livros decisivos para a crítica do sistema de saúde excludente e segregador que havia no país. Juntamente com José Luis Fiori e Reinaldo Guimarães, todos do IMS-UERJ, escreveu “A Questão Democrática e a Saúde”, talvez o documento mais importante da reforma sanitária e base dos debates no I Simpósio de Saúde na Câmara dos Deputados, em 1979. Nos anos 1990, Hésio ainda lutou e liderou a revisão das diretrizes curriculares do ensino de Medicina, tentando influenciar a formação dos médicos em favor do SUS. Nos anos 2000, criou o primeiro Programa de Pós-graduação em Saúde da Família do país, na Universidade Estácio de Sá, no Rio de janeiro.

Nascido em Juiz de Fora-MG em 1942, Hésio Cordeiro faleceu hoje, 08/11/2020, no Rio de Janeiro, devido a complicações do mal de Alzheimer, doença contra a qual lutava há alguns anos. Tinha uma visão impressionante do país e da saúde pública. Liderava de forma discreta e brilhante, ouvindo a todos e conseguindo costurar ideias díspares numa síntese superior. Sem vaidades, generoso, discreto, sorridente, foi um dos maiores brasileiros dos últimos tempos, que lutou incansavelmente pelo direito de todos à saúde. Deixa imensas saudades, por sua doçura e pelo carinho com que tratava a todos. Foi uma pessoa especial, que soube como poucos “ensinar”. Todos no IMS-UERJ temos um pouco dele.


Recebendo o Prêmio Carlos Gentile de Mello, no IMS


Entre José Noronha (esq.) e
José Gomes Temporão (dir.)


Sergio Arouca, Waldir Pires,
Hesio Cordeiro e Luiz Santini


Com Nina Pereira Nunes


Na posse de Nísia Trindade Lima,
presidente da Fiocruz


Em homenagem


Com Gulnar Azevedo e Silva